
Mas não se trata de uma missão impossível. Aos 17 anos, o jovem já é psicologicamente capaz de tomar uma decisão tão importante para seu futuro como a seleção do campo de estudos em que pretende se profissionalizar. E os orientadores profissionais (antes chamados "vocacionais") são unânimes: faz a melhor escolha quem está mais informado. O estudante deve começar lendo guias sobre as profissões e fazendo testes, mas não pode se basear apenas nisso. Depois de excluir grandes áreas com as quais não simpatiza, o candidato deve ir além: conhecer o currículo das carreiras que lhe interessam, visitar universidades e assistir a pelo menos uma aula do curso. É importante conhecer a realidade da profissão e entrevistar um profissional da área (atenção, pais: fazer a ponte entre o jovem e um profissional conhecido é papel de vocês). Checar as avaliações dos cursos e das instituições de ensino também é recomendável. O site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) disponibiliza essas informações. Por último, é hora de olhar o mercado e o nível de empregabilidade da carreira.
Algumas escolas já incluíram a orientação profissional no projeto pedagógico desde o ensino fundamental. "Nosso trabalho é identificar talentos pessoais, e isso demanda tempo", explica Fernanda Zocchio, diretora do colégio Pueri Domus, em São Paulo. O processo de orientação nessas escolas acaba funcionando como oficina de autoconhecimento, em que o aluno aprende a reconhecer seus talentos, habilidades e sonhos. "Nosso papel é fomentar condições para que eles testem suas vontades, e não apenas ajudar a escolher um curso no vestibular", explica Mônica Timm de Carvalho, superintendente-geral do Colégio Israelita Brasileiro, em Porto Alegre (RS).
Quem pensa em carreira deve pensar também em paixão. Aquele que faz o que gosta se frustra menos e tem mais chance de alcançar o sucesso. Numa pesquisa com 1 500 profissionais que cursaram MBA (mestrado em administração) na década de 80, o consultor e ex-professor da Universidade Harvard Mark Albion descobriu 101 multimilionários. Apenas um deles havia escolhido a profissão com base no salário que pretendia ganhar. Os outros 100 decidiram-se pelo que gostavam.
Também é bom saber que curso superior não garante emprego. "Estará garantido o sujeito que for empreendedor", explica a orientadora profissional Rosane Schotgues Levenfus. Antigamente, falava-se em ter conhecimentos de informática e conhecer a língua inglesa. Hoje, o profissional bem qualificado é aquele que tem autoconfiança e sabe aproveitar as brechas do mercado para criar oportunidades. E a faculdade nem sempre é a melhor escolha. Um curso técnico pode dar mais frutos em determinadas áreas, como eletrônica, radialismo e estilismo de moda.
Mas agora imagine um estudante que tomou todos os cuidados descritos acima, passou no vestibular, virou calouro – e descobriu que cometeu um engano. O importante nesses casos é saber o seguinte: não se trata de uma tragédia. "Ninguém deve carregar nos ombros o peso de que é absolutamente necessário acertar na primeira vez", explica o psicólogo Leo Fraiman, especialista em educação. Aquela velha idéia de que se está diante da escolha de uma vida caiu em desuso. Cerca de vinte por cento dos alunos de universidades públicas desistem no primeiro ano – e esses números se repetem há décadas. Mudar de rumo é a regra para um em cada cinco estudantes. Exemplos de quem fez isso e se deu bem não faltam (veja depoimentos). Em outras palavras, uma guinada radical na escolha da carreira é possível, e às vezes muito saudável.
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