Ela vivia.
Só isso, ela vivia. Não sabia se vivia bem, se viva mal. Apenas vivia. No modo automático.
Não podia ver, falar. Tudo era motivo de briga. Ele não a deixava viver. Ela era presa.
Em sua vida tudo era como se fosse “preto e branco”. Não havia cor. Felicidade.
Ela se sentia como uma lagarta. Uma pobre e redondinha lagarta. Presa em seu casulo. Porem no seu caso, dali ela não sairia.
Vivia presa em sua própria vida. Sentia como se tudo que fazia fosse à mesma coisa.
Seu coração tinha medo de se libertar. Não medo de perder um sentimento que guardava como o amor por ele, porem esse amor, de tanto ser prensado e censurado, foi se acabando. Seu pobre coração tinha medo, medo do desconhecido. Medo do mundo fora dos braços de alguém já havia feito dela uma menina feliz, porem agora, parecia como se ele não a amasse mais, ele só queria tê-la. Tê-la em uma caixa transparente e em uma estante. Como uma Barbie edição limitada.
Ele era como a gravidade, ela a puxava para baixo.
Ela precisava se libertar, encontrar uma forma de sumir, de se libertar dos braços de quem a prende.
Não tirava o medo de seus pensamentos. Não encontrava uma forma racional de fazer isso.
Ela fugiria na madrugada seguinte. Ela fugiria! Era necessário, não poderia viver mais assim.
Já era tarde, a manha estava próxima, ela precisava fugir. E logo, antes dele acordar.
Ela pegou sua mochila, a chaves do carro.
A poucos metros da porta, a chave cai!
“Silêncio!”- Ela pensava baixo.
Tremia de medo de acordá-lo. ”Vamos carro, pegue” e nada do carro ligar.
Foi quando tudo aconteceu, as luzes da casa se acenderam, a maçaneta já estava virando, e ela tentando ligar o carro.
O carro ligou, ele abriu a porta, vindo em sua direção, ele gritava para parar, ela arrancava o carro e pegava a saída mais próxima.
Mal podia acreditar naquilo, sua felicidade transbordava pelos olhos e por seu sorriso. Ela estava livre. Ela estava viva! De uma forma diferente, uma maneira real, sentia seu sangue correr por suas veias, sentia o calor, o vento, a brisa da serra.
Pegará a primeira entrada á “vida”, agora era ela, era sua vez de fazer alguém feliz, era vez de fazê-la feliz!
Já era manhã. O sol começava a nascer na Califórnia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário